quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Anjo traído

Sou anjo traído
À procura do culpado, que me fez excluído e fugiu no final.
Seria uma mulher, um homem, demônios presos na terra ou pessoa qualquer?
Caberia a eu encontrá-la , atacá-la, matá-la ou somente incumbí- la de concertar seus erros. Teria ela esse poder ? Na sua busca me encontrei.
Caminhei dias por bairros onde a natureza foi cruel, pois lá deveria estar quem me fez tanto mal e certamente explicaria o porque afinal.
Nas ruas cinzentas me deparei com homens vivendo como animais, comendo uns aos outros, trajando vestes rasgadas e vomitando palavras doidas.
Estive com mães que se sentiam culpadas, filhos nutrindo ódio, casais sem esperança de vida, pastores enganadores, olhares carnais.
Sofri de múltipla intencionalidade, era eu, anjo afinal, o gene forte de minha mãe, ou acabara me transformando em humana que sente raiva de coisa qualquer ?
Havia me adaptado na terra, deixado de ser leve, ou seria apenas mais uma das provações celestes em busca de minha força interior maior?
Foram tempos de personalidades latentes, bipolares, crescentes.
Carregados de vestes pesadas, tempestades escuras, contagiando meu ser.
Ao final, tanta andança e nada constatado, o inimigo não estava longe, foragido, enlatado.
Era eu e estava ao meu lado. Num instante permaneci pasma, me calei e meu pensamento foi transformado em sensações de pequenez.
Quando pude enxergar, chorei como humana, havia eu dessa vez perdido o sentimento angelical e traído a minha própria causa celestial?
De resposta, recebi o dom do auto- perdão, vindo aos montes e as lágrimas cessaram de vez. Minhas vestes se tornaram lilás, (nunca havia vestido lilás, verde sim, azul sim, mas lilás!)
Percebi que nunca deixaria de ser anjo, e que minha porção humana era o resquício de antepassados mortais que nunca se extinguiriam, pois um anjo pra ser anjo havia de ter provado de tudo e ainda assim, se sentir capaz.
Vitorioso por ter reconhecido que dentro de mim encontrei meu próprio inimigo. Saí cantarolando, e dançando ao traje lilás. Dessa vez fui aos bairros luminosos em busca de mais cores....




Um comentário:

  1. Keka que historia incrível! Que riqueza!!

    Parabéns! Fico feliz em poder ler suas historias, poesias e peculiaridades.

    Adorei! Realmente Seduz*

    Bjs linda

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