E foi então que a menina corria desvairada como se algo ou alguém a esperasse com urgência perto dali. Para ela, por mais esquisito que lhe parecesse o tal fato da corrida, (foi de fato estranho a quem via), mas somente ela sabia a real causa do que estava lhe acontecendo, e isso bastava.
Se sentia rara naquela tarde pacata na cidadezinha da praça, do coreto que remetia a infância bem vivida.Recebia a essência perdida que finalmente tocava sua alma respondendo e expondo como uma verdade por anos perdida. Mas isso naquele momento já não fazia mais parte das reflexões que por anos a atormentaram, dessa vez era dentro da sua emoção lógica, obvia, precisa.
Corria porque enfim encontrara. Só ela sabia o quanto era naquele dia perfeita dentro da sua loucura boa. Ela, que percorreu tantas estradas, tantas sensações subjetivas que ora lhe traziam ânsia, ora eram o próprio ar que lhe faltava, sequer conseguia sorrir as velhas senhoras como sempre fazia . Desta vez não lia todos os letreiros da rua como tinha por mania, simplesmente sorria para si mesma e a leitura que fazia era aquela que vinha de dentro lhe deixando clara de estar vivendo o que um dia sua mãe profetizara , o grande encontro.
Por dentro sofria de conexões totalmente voltadas a dança interior.Tinha medo de perder contato, como havia acontecendo diversas vezes desde seus nove anos, mas a sensação era tão segura que naquele momento sabia ser a conexão perfeita, aquela de que definitivamente não deveria temer.
Corria porque seu pensamento recluso, progredia a cada trote e assim lhe vinham como de presente as respostas, que dessa vez não eram subjetivas, eram todas perfeitas.
Ela, que tantas vezes se olhou no espelho e que por mais que visse a imagem concreta de si mesma, não reconhecia a veracidade do tal fato, sabia que o espelho lhe refletia, mas não lhe contemplava. Sentia-se dessa vez completa, era ela naquela tarde a até o fim dos seus dias a verdade na sua forma mais pura. Foi assim o encontro.
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